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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PROF AMAYO FALA SOBRE CRISE NO EGITO PARA JORNAL GAZETA DO POVO DE CURITIBA-PR

Pressão exterior
Reação internacional é de cautela

Analistas dizem que o Egito tem importância estratégica para as nações desenvolvidas, mas interferência externa provocaria onda nacionalista.
Publicado em 06/02/2011
Adriano Cesar Gomes

                         A indecisão em relação à saída de Hosni Mubarak da Presidência do Egito tem deixado em estado de alerta os países considerados como as grandes potências internacionais. “É muita indecisão , muita falta de convicção em relação a algum desfecho”, observa Samuel Feldberg, doutor em Ciências Políticas e professor de Relações Internacionais da Faculdades Integradas Rio Branco.
“Tanto que, aparentemente, estão sendo consideradas todas as possibilidades”, afirma Feldberg.
Lucas Fustinoni no Egito

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Lucas Fustinoni, estudante de Medicina curitibano que faz estágio em Paris e decidiu viajar para o Egito.

“Férias dos meus sonhos terminou em fuga forçada do país”
                     Cheguei no Cairo no dia 17 de janeiro junto com meu irmão, conhecemos as pirâmides, o Museu Egípcio e gostamos muito do ambiente amigável e receptivo que a cidade então se apresentava.
Logo pegamos nossas bagagens e descemos o Rio Nilo em direção a Luxor. Meu irmão precisou voltar a Paris; então segui viagem ao extremo sul do Egito perto da fronteira com o Sudão. Para chegar à cidade de Abu Simbel fui de madrugada com um comboio de ônibus escoltado com vários carros da polícia durante 300 km de viagem no deserto. Aquela imagem de um Egito pacífico e seguro que eu tinha começou a mudar.


                     De volta ao Cairo, eu percebi que os sites de relacionamento (Orkut, Twitter, Facebook) já tinham sido boicotados. O governo estava querendo esconder alguma coisa. Resolvi me aproximar mais dos monumentos para conseguir melhores fotos, mas logo fui impedido pela polícia que gritou violentamente. Resolvi voltar para o hotel, mas quando estava no caminho observei ao longe uma manifestação. Pessoas gritavam palavras desesperadas enquanto policiais agrediam brutalmente um manifestante. Várias pessoas me falaram que não poderia tirar fotos e que deveria ir embora; não havia absolutamente nenhum turistas nas ruas e eu era claramente um estrangeiro com uma câmera que poderia oferecer risco à censura do governo.


                     Então, descobriram que havia uma linha de metro que ainda estava funcionando. Infelizmente essa linha tinha como ponto final a Praça Ramsés. Logo que abriu a porta do metrô, senti meus olhos e nariz arderem por causa das bombas de gás. Vi várias pessoas asfixiadas caídas no chão. Tentando respirar o menos possível, corri desesperadamente para uma saída que estava bloqueada por cacos de vidro e barricadas. Encontrei uma nova saída. Estava fechada.
Após correr pelas ruas por cerca de 1,2 km, cobrindo o rosto para me proteger da fumaça, cheguei ao meu hotel – onde haviam turistas alarmados de vários países. Arrumei minhas malas o mais rápido possível decidido a sair do país o quanto antes.
                      Vários voos haviam sido cancelados e tinha muita gente procurando por passagens aéreas e comida. Após muito empurra-empurra consegui comprar um sanduíche com as últimas libras egípcias que me sobraram. Meu voo para a Grécia atrasou várias horas, mas ao final consegui sair do país e acabar com as “férias dos meus sonhos”.
                       Em Paris, acordo de noite sentindo o ar contaminado, me asfixiando até perder os sentidos. É só um sonho, mas lembro de tantos egípcios que salvaram minha vida e que agora continuam lá, morrendo asfixiados com a censura e bombas de gás.

                     A situação é responsável por boa dose de desconforto às autoridades dos países economicamente desenvolvidos e também aos vizinhos árabes da região.
“A preocupação internacional, olhando pelo prisma norte-americano, é que os Estados Unidos têm muitos interesses em toda região, especialmente no Egito”, avalia Enrique Amayo Zevallos, professor de História Econômica e Estudos Internacionais Latino-Americanos do departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
                     Sem meias-palavras, Zevallos destaca porque a região é tão importante economicamente para os Estados Unidos: “Trata-se de uma região estratégica para o Ocidente, já que por ali passam diariamente cerca de 2 milhões de barris de petróleo pelo Canal de Suez”, justifica.
                    Mesmo com tamanha importância, Zevallos diz não se conformar como os órgãos de inteligência norte-americanos não previram a transformação de uma manifestação pacífica ocorrida na região em um embate entre aliados e opositores de Mubarak – confrontos estes que se estenderam por toda quarta e quinta-feira na capital do país. “O que estavam fazendo os serviços de inteligência? Onde estava a CIA? Por que dias depois do início das manifestações o que vemos é uma situação reversa, onde um importante aliado norte-americano vive uma situação de caos e tumultos que põem em risco a estabilidade de toda a região”, avalia.
                  A explicação pode ser encontrada na análise de Feldberg sobre a questão. “A cada momento surgem novos elementos e eu acredito que o governo de Mubarak está tentando conter, de alguma forma, a ampliação em larga escala do espectro das manifestações”, observa.
               Apesar dos esforços governistas – acusados de contratarem manifestantes para combater os opositores de Mubarak – os protestos contra o atual presidente continuam. E o monitoramento internacional também. Mas o temor em relação à evolução dos confrontos, ao contrário de décadas e incidentes passados, não tem sido suficiente para mobilizar a Organização das Nações Unidas (ONU). “A ONU foi totalmente enfraquecida por George W. Bush, logo não é mais um organismo capaz de intervir em situações como a que verificamos no Egito”, afirma Zevallos.
              O Egito, sem dúvida, ainda desempenha um papel muito importante na região para ser simplesmente deixado de lado. “Estamos falando aqui de um território ainda importante para os norte-americanos. Porque o Egito, apesar de todos os problemas que tem, vem crescendo graças aos aportes financeiros realizados todos os anos pelos Estados Unidos. Graças a esse tipo de acordo, o Egito deixa de gastar uma enorme fortuna para comprar armamentos, já que estes são transferidos gratuitamente pelos EUA”, revela Feldberg. Sem uma solução à vista, é provável que a tensão aplicada pelo partido de Mubarak, o Partido Nacional Democrático (PND), dê mais algum fôlego ao presidente e – como consequência – continue a manter em alerta as principais potências internacionais.
Israel.
                “Não vejo como Israel pode ajudar os egípcios – há não ser, eventualmente, se houver a necessidade de evacuar o pessoal estrangeiro através da Península do Sinai ou alguma outra ação nesse sentido”, diz Feldberg.
Para os analistas, os israelenses certamente não poderão se incluir na questão da transição e em nenhum outro tipo de interferência interna. Israel está, no entanto, muito preocupado com a possibilidade de reversão da estabilidade nas relações com o Egito – que se mantém praticamente desde 1975, 1976 e certamente desde 1979 quando foi acordado o início do processo de paz. “Se houver uma reviravolta no Egito os israelenses terão que mudar totalmente sua matriz estratégica”, acrescenta Feldberg.
                    Na opinião dos especialistas, quando o assunto é interferir na situação egípcia, não resta ao mundo muita solução. “Restam apenas as grandes potências”, dispara Zevallos. “O problema é que uma interferência de grandes potências, como os Estados Unidos, geraria uma reação nacionalista no país, o que serviria de justificativa para que Mubarak se apresente como líder da nação. Sendo assim, acho que esse caminho – o da intervenção externa – não passa pela cabeça de ninguém no momento”, conclui o professor da Unesp

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CBN - A rádio que toca notícia - Jornal da CBN




Prof Amayo concede entrevista a rede CBN sobre a Crise no Egito
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