No Peru, documento indica ligação de Humala e Chávez
17 de maio de 2011
Agência Estado
A publicação de um telegrama diplomático confidencial e a divulgação de conversas, gravadas em segredo, de um diplomata venezuelano no Peru destacam novamente a ligação entre o candidato presidencial Ollanta Humala e o governo da Venezuela durante as eleições de 2006.
Humala, ex-oficial militar de 48 anos e líder de um movimento nacionalista de esquerda, está numa disputa acirrada pela presidência do Peru com a conservadora Keiko Fujimori, de 35 anos, filha do ex-presidente Alberto Fujimori.
Após o apoio de Hugo Chávez na corrida presidencial de 2006, Humala tornou-se mais moderado nesta campanha e trabalha para se distanciar do líder venezuelano. Apesar disso, os laços anteriores continuam a prejudicar o apoio a Humala na atual campanha eleitoral.
Um telegrama de 2005 da embaixada dos Estados Unidos em Lima, divulgado pelo WikiLeaks, cita o sociólogo peruano Jaime Antesana dizendo que Humala disse a ele que o governo da Venezuela pagou uma pesquisa de opinião para o líder nacionalista. Antesana, que trabalhava para uma agência norte-americana na época, negou recentemente ter feito a declaração.
O jornal El Comercio também disse que, no início de 2005, seus repórteres investigativos ficaram sabendo de uma suposta doação de US$ 100 mil feita em 2001 por grupos ligados a Chávez ao movimento político dirigido por Humala e seu irmão, Antauro Humala, que atualmente está preso.
Ontem, o El Comercio publicou uma reportagem reproduzindo transcrições de conversas de um ex-diplomata venezuelano no Peru, Virly Torres, que menciona contatos entre funcionários da embaixada e Humala e sua mulher, Nadine Heredia, que é secretária internacional do partido de Humala, o Gana Peru. Essas conversas foram gravadas como parte de uma série de interceptações feitas por uma empresa privada e que terminaram nas mãos da Justiça, informou o jornal.
Um outro telegrama confidencial norte-americano de 2005 divulgado pelo WikiLeaks cita um funcionário do governo peruano dizendo que naquela época "Chávez e o presidente cubano Fidel Castro estão pressionando a união de Humala e dos partidos de esquerda". Humala tem ligação com diplomatas cubanos em Lima e foi a Havana em 2006, onde passou por uma cirurgia. Durante a viagem, ele se encontrou com o ex-presidente cubano, Fidel Castro.
No final de semana, Humala disse que foi um erro ter se ligado tão proximamente a Chávez em 2006. Hoje, ele afirmou à rádio RPP que políticos sempre fazem reuniões com diplomatas e que "é pura especulação" o suposto financiamento venezuelano de sua campanha.
O ministro de Relações Exteriores do Peru, Jose Antonio Garcia Belaunde, disse na noite de ontem que o governo tinha ciência das atividades do diplomata Virly Torres, e o declarou persona non grata. O ex-primeiro-ministro Pedro Pablo Kuczynski, que concorreu no primeiro turno da eleição presidencial deste ano, disse recentemente que Humala recebeu recursos da Venezuela antes da eleição de 2006 e que o dinheiro havia entrado no Peru por rotas diplomáticas.
O Instituto para Estudos Estratégicos Internacionais, sediado em Londres, divulgou recentemente um e-mail enviado por Raúl Reyes - líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia morto no Equador em 2008 - por volta de 13 de julho de 2006 no qual se lê: "Eles (o governo Chávez) investiram recursos na campanha presidencial de Ollanta Humala no Peru, mas eles perderam, embora este homem tenha o apoio de um importante setor político-eleitoral".
O ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo, que ficou em quarto lugar no primeiro turno, em 10 de abril, disse ao jornal Washington Post na semana passada que nesta campanha "os brasileiros fornecem as ideias políticas, mas o dinheiro vem de Chávez". As informações são da Dow Jones.
Novas pesquisas mostram uma disputa apertada pela presidência do Peru entre a congressista de centro-direita Keiko Fujimori e o esquerdista nacionalista Ollanta Humala, porém Keiko aparece um pouco à frente em duas das pesquisas.
Analistas políticos dizem que Keiko, de 35 anos, deve ter mais facilidade para ganhar apoio para o segundo turno, marcado para 5 de junho. Os avanços da conservadora são bem recebidos pelos mercados, por ela ser considerada mais favorável ao setor financeiro. "Há uma grande falta de confiança nos dois candidatos. Mas (a desconfiança) é maior para Humala e ele encontrará um caminho mais duro para crescer", disse Alfredo Torres, chefe do instituto de pesquisas Ipsos Apoyo.
Keiko aparece à frente em corrida presidencial no Peru
16 de maio de 2011 Agência Estado
14h 48
As pesquisas mostram um grande número de indecisos e de eleitores que pretendem votar em branco, um voto de protesto em um país onde o comparecimento às urnas é obrigatório. Ontem, o Ipsos Apoyo afirmou que Keiko tinha 41%, enquanto Humala tinha 40%. O resultado é um empate técnico. Para 49%, Keiko daria melhor garantia de liberdade à imprensa, em comparação com 30% que consideram Humala melhor nesse quesito.
O estudo também concluiu que 46% acreditam que Keiko iria respeitar as instituições democráticas, em comparação com 34% para Humala, que já disse querer mudar a Constituição peruana. Humala controlaria melhor a corrupção para 48%, enquanto 33% dizem que Keiko se sairia melhor nesse ponto.
Outras pesquisas têm resultados diferentes. O instituto Imasen publicou uma pesquisa ontem, em um jornal favorável a Humala, o La República, que coloca o esquerdista à frente, com 41,6%, em comparação com Keiko, com 39,7%. Já uma pesquisa da Datum, divulgada hoje, mostrou Keiko com 46%, enquanto Humala tinha 40,2%. Pesquisa da CPI de ontem mostra Keiko com 52,9% dos votos válidos, e Humala com 47,1%.
Matérias recentes na imprensa peruana afirmaram que Humala, de 48 anos, recebeu financiamento do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em sua tentativa de 2006 de chegar à presidência. Humala negou as alegações. Na sexta-feira, ele divulgou um plano de governo modificado, buscando consolidar sua imagem como a de um moderado. Analistas políticos dizem que as várias mudanças em seu plano de governo podem ter enfraquecido sua credibilidade.
Keiko é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, atualmente preso por crimes cometidos quando estava no poder. Humala é um militar da reserva, que apoiou duas rebeliões armadas contra o governo antes de começar a pleitear a presidência. As informações são da Dow Jones.